quarta-feira, 9 de março de 2016

Óðinn - Sobre loucura e lucidez. (Revisado)

Boa tarde nobres leitores, hoje seguirei com a revisão dos antigos textos que havia publicado no finado Perturbardo (um minuto de silêncio), assim como tudo na vida, até a informação muda e o que se tem por verdade também. A medida que se caminha numa trilha seu horizonte se amplia e normalmente as opiniões de ontem não serão mais as de hoje, que também podem vir a se aprimorar amanhã, então fazer uma revisão do que se tinha por certo a anos atrás é necessário, seguiremos com as divindades e agora vamos falar, da melhor forma possível mas nunca esgotando o tema principalmente sendo ele, do irmão de Loki, ou do pai de todos Óðinn.

A princípio vamos apontar basicamente as suas principais características. Ele é descendente de Buri que não é um Jötunn, e tem como pai Borr e como mãe Bestla, essa que por sinal é filha do gigante Bölþorn, logo fruto do primeiro caso relatado de miscigenação (segura essa puro sangue). Sua primeira participação nos mitos do universo nórdico é como um guerreiro travando a primeira batalha que resulta na destruição do gigante primordial Ymir, auxiliado por seus irmãos Vili e Vé, fazendo da carcaça do gigante o mundo de Midgarðr para a humanidade e dos vermes que saiam de seu cadáver os deuses deram origem aos anões que habitam as rochas bem como a terra (acredito que esse ponto possa ser a chave para a interpretação da origem de anões e elfos também, uma vez que os deuses em Ýdalir dão a Freyr o domínio sobre Álfheim, como posso te dar lago que não está sob minha posse ou que eu não tenha feito? Mas isso é apenas uma posição pessoal, falaremos disso em outra oportunidade) voltando ao assunto Óðinn

Temos Asagrim como o chefe tribal em Ásgarðr na posição de líder dos Æsir, Junto de seus irmãos Hœnir e Lóðurr (por vezes mencionados como Vili e Vé) o Aldaföðr protagoniza a criação da humanidade através de Askr e Embla, o que justifica a figura de pai de todos nós. Além da extensa relação de filhos que tem, sendo eles basicamente no atual senso comum Bragi, Baldr, Höðr, Víðarr, Váli, Hermóðr e Þórr. 

Engraçado reparar que enquanto Freyr sendo um deus da fertilidade não têm filhos, Alföðr teria de no mínimo sete filhos até a uma lista bem mais extensa, como por exemplo no caso dos fundadores das dinastias que dão origem aos líderes tribais e consequentemente as casas reais, fora as paternidades contestadas como é o caso do corajoso Týr que sabemos ser filho do jötunn não tão corajoso assim Hymir, ou mesmo de Yngvi-Freyr que sabemos ser filho de Njörðr. Resumindo ele é o Gengis Khan dos deuses ou o Mr. Catra de Ásgarðr, caso você infelizmente não conheça o Gengis Khan.

Como uma divindade de guerras, vitórias e conquistas, Sigtýr, entra em guerra com os Vanir após Gullveig ser queimada três vezes por adentrar o salão dos Aesir, esta guerra se resolve num armistício com uma troca de reféns que por fim culmina na conclusão das divindades que habitam Ásgarðr e solidificam o panteão nórdico. Como líder guerreiro era comumente invocado para se ter vitória nas batalhas e seu papel de trazer a vitória com algum custo permanece o mesmo até hoje, sendo o domínio de Valtýr sobre a morte (afinal guerras levam a elas) evidente através dos seus guerreiros de elite Einherjar e através das Valkyrjur que escolhem entre os mortos quem serão estes guerreiros que vão habitar o tão desejado salão Valhöll, além dele próprio ter determinado para Hel a filha de Loki um lugar de mesmo nome e também de ser o líder da Caçada Selvagem.

Como uma divindade que se transforma ao longo do seu percurso, Hangatýr morre como guerreiro para renascer como sábio ao sacrificar a si mesmo, na busca pela sabedoria das runas, seu conhecimento de necromancia também permite que adquira informações sobre o futuro com uma Völva e que permita que a cabeça de Mímir possa dar a ele parte da sabedoria que precisa, outra parte vêm de seus fies corvos Huginn e Muninn que fazer as vezes respectivamente de pensamento e memória, uma vez que ele não pode estar em todos os lugares, mas busca saber do que ocorre nos nove reinos. 

Também do seu trono Hliðskjálf ele avista os nove reinos e assim sabe para onde ir e o que procurar, interessante que esse comportamento de Fjölnir ao sentar em um lugar alto para buscar ver locais distantes nos remete a práticas de Seiðr que ele teria aprendido com Freyja, conforme o próprio Loki delata. Entre os demais companheiros dele estão os lobos Geri e Freki, respectivamente que fazem a vez de consumir tudo aquilo que poderia ser alvo do desejo mas não necessariamente da prioridade de Óðinn, mesmo por este não se alimentar mais de comida que deixa para os seus lobos, mas vive de vinho conforme relatado no Gylfaginning, logo o vinho provavelmente seria a bebida mais adequada para ele em um Blót. Por fim Reiðartýr na figura de psicopompo temos ele cavalgando Sleipnir o filho de oito patas de Loki através dos nove mundos para buscar os mais variados objetivos, mesmo com toda a sua sabedoria, um deus muito mais de ação do que de palavras.

Falando em ação Váfuðr em muitas histórias é relatado como um andarilho, algumas vezes na companhia de Hœnir e Loki, outras vezes só, histórias interessantes que costumam trazer proveito para si de alguma forma, destas a busca pelo Hidromel da Poesia que pertencia ao jötunn Suttungr, mas graças a sua engenhosidade, traço marcante do comportamento de Grímnir (seja através de seus disfarces ou da forma como trai a confiança dos desavisados), ele consegue trazer a bebida para os deuses e para a humanidade me forma de poesia. Apesar de seu filho Bragi, Sviðurr é de uma sabedoria ímpar e não é muito difícil imaginar que Skalds e Líderes da nobreza busquem uma identidade maior com esta divindade que detêm em suas mãos a guerra e a morte, a realeza e os enforcados, as runas e a magia, a loucura e a poesia.

Ele começa as guerras que outros vão lutar e leva a vitória sem se expor a própria morte, ele deixa alguém tomar conta dos mortos, mas sempre participa da Caçada Selvagem, ele é um pai, mas está longe de ser caridoso e amável, mesmo sendo o pai de todos. Ele é um líder, entretanto sabe se mostrar humilde quando precisa de algum conhecimento que só outra pessoa pode conceder a ele. Ele da à vitória assim como tira a vida dos que ganharam batalhas em nome dele, ele é o deus dos nobres, mas nem só de nobres é feito seu eterno exército, ele é um guerreiro e um diplomata, um líder e um pária, ele é honrado e é traiçoeiro, um xamã revelador de verdades que se oculta em inúmeros disfarces, detentor de muitos nomes. Ele é Óðinn...

Espero que tenham aproveitado e que ajude em possíveis buscas pessoais num melhor entendimento das facetas desta complexa divindade, deixei vários nomes para que possam estudar melhor os vários lados que este Æsir apresenta, alguém que está longe de ser definitivamente resumido em qualquer postagem. Espero que todos tenham uma boa semana e até semana que vem. Far Vel!

- Heiðið Hjarta.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigado por acompanhar as postagens e sempre estou aberto a críticas e sugestões também, se quiser divulgar também não tem problema, rs. Abraço Saulo! ^^

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